domingo, 22 de abril de 2012

O TEMPO EM MIM



O tempo aponta as marcas no meu rosto  
Delineia sua direção, ou suas curvas
Ultrapassa velocidade a gosto
endossando os sulcos de minhas rugas

Desperto em reflexo e então eu vejo,
nesse espelho turvo, esse meu demérito
 Recordações que passam num lampejo
Presentes no passado, meu pretérito!

Agonizo de janeiro a janeiro,
no ciclo em que o tempo vai se fechando
Esmorecendo em tempo carcereiro

Que trancafia o meu frescor de outrora,
em árvore frondosa, que murchando
Antes mesmo de chegada a sua hora!



Mônica Pamplona.
20/04/2012       

Imagem obtida da internet.

domingo, 15 de abril de 2012

PROPOSTA SOB FETICHE


 
Absorvo tua imagem
que acelera meus instintos de fêmea
Excitação que regozijo – me consome
Nesse fetiche que se apodera
Em teus contornos de homem.

Traços que me seduzem
No furor, - nesse anseio
A satisfazer o meu intento
Em sintonia desse
 desnudo desejo,... Sedento.

Apenas olhos a mirar-se
Palavras são esquecidas
Inebriante sensação imposta
De tua retina a me persuadir
na intenção de sedutora proposta.
Do teu fetiche que impregna em mim.



Mônica Pamplona.
12/04/2012



sábado, 14 de abril de 2012

MOMENTO DE PAIXÃO






Delato meus sentimentos sobre teu corpo   
Através dos toques, relato meu prazer.
Alicio a um convite onde tudo é novo
Sem nenhum vestígio de tentar me conter

Desafio teus instintos de macho no cio
Tateando com tuas mãos sob meu vestido
Sentindo na pele, com tamanho arrepio.
Despertando em minha garganta o meu gemido.

Néctar que se funde, no suor que desliza.
Onde tudo se confunde ou se facilita
Na carícia de movimentos que - vai e vem...

Dispensa qualquer pensamento relevante
Envolvente sincronia essa, que nos mantém
 Capturando-nos nessa ousadia desse instante.




Mônica Pamplona.
26/03/2012

NÃO CHORA









Das lágrimas que rolam do teu rosto, 
 transbordam em meu peito. Muito embora.
Logo em seguida venha sorrir a gosto
Mas no momento, te peço... Não, chora

E não tema por mim; fico a dizer
Sei que má intenção não te devora.
Amo com todo amor, - é bom saber.
Te peço – por favor sorria, não chora.

Acolho-te em meus braços nesse abraço
a tua grande aflição - vou desnutrir
No coração de mãe tem sempre espaço.

Seu amor pelo filho, não ignora.
Pois reflete consigo - há/convir
Como uma acesa luz - Nossa Senhora.




Mônica Pamplona.
12/04/2012

Imagem de Gustave Klimt.

domingo, 8 de abril de 2012

LEDO ENGANO (SONETO)







Ah, lamento por tanto que ansiei.  
Tentar fazer dia, dessa madrugada.
Nesse ofuscado amor que recusei
Por me sentir tão só e abandonada.

No meu sonho, sonhei, quando acordada.
Em sempre ser amada em quotidiano.
Não somente as estilhas que me é dada,
Essa - se apaixonou – foi ledo engano!

Tanto busquei teu amor em sentimento
Em tanto que busquei teu coração
Sempre tu me negavas um alento,

...Sempre com um pueril atenuar.
Só que no desvario, da decisão
Amar,assim. Sozinha! - Não vou amar.
















 Mônica Pamplona.

08/04/2012


CINZAS DE UMA PAIXÃO (SONETO)



 
 Venha dizer-me agora, o que restou  
dessa paixão que, tanto nos possuía.
Das labaredas que o vento soprou
Das cinzas,que o tempo, nos diluiria

Fartos momentos de amor são agora,
somente lembranças aprisionadas
Em corações alternos,que, por hora.
Carentes, d'uma paixão mal amada.

Vou deixando minh'alma aqui lavrada
nos beijos que beijamos – também em cada,
carícia que nos fora apresentada

Mas levarei alguns versos comigo
Consolo, para essa chama apagada
na poesia que é agora meu abrigo.




Mônica Pamplona.
08/04/2012

quinta-feira, 5 de abril de 2012

OS PÉS



Juntos seguem o caminho,
 Lado a lado
Sem alusão
Sustentam o corpo com equilíbrio
Passo a passo, com determinação.

Trafegam por empecilhos
Triunfando sua coragem
Na reta de sua direção.
Passos bem calculados.
Ágeis, ousados, destemidos,
... Ou até mesmo descompassados

Harmonizam-se nesse caminhar,
com alguns tropeços em desafio
Breve em seu descansar
Sem ponte que interligue seu brio!
Sem sonho, desejo ou ilusão.
Sem vontade, sem mente...
Somente os pés firmes no chão.

Mônica Pamplona.
05/04/2012

O CANDELABRO (SURREAL)





Sempre hesitava diante daquele candelabro
Suas cinco velas acesas ornamentavam imenso salão.
Refletiam sombras nas paredes, de corpos que jaziam ausentes.
Sem nenhum comando, eram chamas que reluziam e apagavam-se.
Ela sabia. Mas não queria se convencer. Não aceitava a realidade...
Teimava na esperança, que um dia tudo iria se converter!


Eram em certas datas, durante o silêncio da madrugada.
Onde ela podia ouvir nítidos gemidos ecoando nos ambientes.
E na fresta, por debaixo da porta de seu quarto.
Alguém passava lentamente, sob a luz de velas.
Batendo três, sonoros e compassados, toques.
A atemorizar o instinto, arquivado, dela.


Relutava em acreditar naquilo que estava evidente.
Mas,
...Certa noite, retornou à capela do cemitério de seu casarão.
Onde alguns, de sua família foram velados. Mortos pela santa inquisição.
Ironia do destino. Justamente aquela imagem da cruz, era que lhe negava a luz!
Relutante, devolveu o candelabro ao orgulhoso altar.
Continuaria temendo a escuridão onde não se acostumara.
Tentara, mas não conseguira. Nas trevas novamente diluíra!








Mônica Pamplona,
31/03/2012